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Países pelo mundo adotam caixa de papelão para recém-nascidos

Você imagina por um bebê dentro de uma caixa de papelão? Nossa cultura está muito estigmatizada com relação a caixas de papelão porque lembramos dos mendigos na rua dormindo nelas. Verdade! Mas esta caixa de papelão em questão é bonitinha, decorada, limpa. Vamos deixar de lado nosso pré-conceito e entender melhor porque esta idéia, que começou na Finlândia na década de 1930, vem se espalhando pelo mundo e reduzindo a mortalidade infantil no primeiro ano de vida do bebê.

Algumas síndromes que levam os bebês à morte até o primeiro ano de vida já foram associadas à forma como o bebê dorme e também ao fato de dormir juntos com os pais que pode ser outro fator de risco.

A caixa de papelão pode ser útil para se ter o bebê próximo, carregar a caixa de um quarto para o outro, ou até viajar com ela se torna algo muito simples e fácil.

Na Finlândia cada família, independentemente de sua origem, recebe gratuitamente uma caixa de papelão com um pequeno colchão entre outros presentes para seu bebê. E, não é por acaso, que a Finlândia tem uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo.

Agora, a ideia finlandesa está se disseminando no mundo. O Estado de Nova Jersey nos Estados Unidos é ocaso mais recente.

Em agosto do ano passado, o governo da Cidade do México colocou em prática o projeto “Cunas CDMX” (cunas significa “berço” em espanhol), inspirado no modelo finlandês. Seu objetivo era atingir 10 mil famílias e acompanhar a gravidez daquelas com menos recursos financeiros para combater a mortalidade infantil. ”Buscamos gerar uma maior proteção para os bebês na Cidade do México, principalmente os que vivem na pobreza”, diz Gamaliel Martínez Pachecho, diretor-geral dos Sistema para Desenvolvimento Integral da Família da capital mexicana, departamento encarregado do projeto. Na Finlândia, o projeto também começou entre famílias mais pobres, mas hoje é para todo o país.

Na Ásia, a estudante Karima Ladhani, teve a ideia de adotar a caixa finlandesa no sul da Ásia. Ela desenvolveu o projeto “Barakat Bundle” (barakat significa “benção” em alguns idiomas da região), que entrou em vigor em um hospital rural da Índia. A caixa tem ferramentas para prevenir infecções durante o parto ou pouco depois de se dar à luz e também inclui um mosquiteiro para proteger os bebês da malária. ”Queremos oferecer às novas mães soluções de baixo custo para salvar vidas ao combater as causas evitáveis de mortalidade infantil e materna”, afirma Ladhani.

Um projeto-piloto também está sendo lançado no hospital Queen Charlotte’s and Chelsea, em Londres, no Reino Unido, em colaboração com a empresa americana Baby Box. ”Partimos do pressuposto de que as pessoas têm dinheiro para comprar um moisés ou um berço, mas nem sempre é o caso”, diz a ginecologista Karen Joash, conselheira obstetrícia do programa. Ela considera que a caixa também fará com que mães e bebês fiquem no mesmo quarto, já que elas são fáceis de carregar. “Isso é bom para estreitar sua ligação.”

Há projetos em curso também no Estado australiano de Victoria e na província canadense de Alberta. É uma região que se beneficia da indústria petrolífera, e, por isso, quando os homens vão trabalhar nas plataformas, surge um novo tipo de problema: as mães criam seus bebês sozinhas. “O objetivo é dar apoio às famílias na transição da gravidez para a maternidade”, diz Benzies. Um elemento-chave para isso é a mentoria dada aos pais, em que uma pessoa os auxilia, por telefone ou pessoalmente, a partir das 32 semanas de gestação até seis meses após o parto. E recebem a caixa e uma espécie de folheto, que chamam de “assistente de berço”,  criado para que os homens tenham uma relação mais próxima com seus bebês. Com um estilo parecido com o de um manual de um automóvel, o texto oferece um guia prático. ”Sabia que faz bem para o bebê arrotar algumas vezes?”, diz o texto, que ressalta a importância do “combustível”, o leite materno, e explica como “checar debaixo do capô”, as fraldas no caso, porque “manter seu modelo novo limpo e cômodo é importante”.

_94880644_caixa6Colin Pritchard, professor da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, estuda mortalidade infantil e acredita que o sistema tem “sentido teoricamente”, por dar ao bebê um local para dormir além da cama dos pais e poder reduzir os casos de morte súbita por asfixia. No entanto, acredita que o efeito é pequeno.

Ele argumenta ser mais importante criar mecanismos para reduzir a pobreza, fazer com que os pais deixem de fumar e melhorar a educação dos pais e os cuidados que eles terão com os filhos para frear a mortalidade infantil.

Via BBC

 

Cantora, compositora, atriz, apresentadora de TV, blogueira, mãe e geek.